DEFESA DA HONRA

Não sei se é lenda ou se a atribuição ao protagonista é equivocada, mas dizem que isto aconteceu em Muzambinho-MG, onde um famoso advogado, Dr. Licurgo Leite Filho, conhecido como Dr. Lulu, estava fazendo a defesa de um réu por duplo homicídio, eis que este, matou a sua esposa e o amante ao deparar-se com os dois, em pleno ato sexual, na sua cama.
Enquanto o Promotor oferecia o libelo crime acusatório, alegando motivo fútil, etc. etc. o nosso saudoso Dr. Lulu, cochilava tranqüilamente na tribuna da defesa, dando as famosas “pescadas”
E assim foi durante toda a apresentação da acusação: o Promotor acusando, ele cochilando... o promotor acusava.... e ele cochilava...até que chegou a vez da defesa.

O Juiz deu uma boas marteladas na mesa para que o nobre defensor se despertasse e iniciasse a defesa.

O advogado, coçando os olhos e com cara de sono iniciou sua defesa se dirigindo aos jurados, juiz e promotor, com as homenagens de praxe e pedindo desculpas por ter cochilado.

Colocou-se bem à frente do Promotor e, olhando para ele, disse em alto e bom tom: Excelência, enquanto o senhor acusava, eu, nos meus cochilos, SONHEI QUE ESTAVA DORMINDO COM A SUA MULHER.

Foi um espanto total! Enquanto ele repetia: Pois é, EU SONHEI QUE ESTAVA DORMINDO COM A SUA MULHER!!!

O Promotor, indignado, dirigiu-se ao Juiz que já dava boas marteladas na mesa para conter o advogado que insistia em dizer que tinha sonhado que estava dormindo com a mulher do promotor e, aos berros pedia para que o Juiz interpelasse o advogado pela falta de respeito, que cassasse a palavra, etc. etc. O Juiz, também com indisfarçável nervosismo, se dirigiu ao advogado e em voz alta repreendeu-lhe seriamente com ameaças de suspensão da sessão, representação na Ordem dos Advogados. Enfim, a balbúrdia foi geral, enquanto os Jurados e o público a tudo assistiam, impávidos, estupefatos.
O advogado, com uma tranqüilidade que ninguém entendia, pediu calma ao Promotor e ao Juiz: CALMA Excelências! Calma! FOI APENAS UM SONHO!!! FOI APENAS UM SONHO!!! Peço desculpas, foi apenas um sonho!

E continuou: a defesa dizendo:

“Vamos sair do sonho então. Deixemos de falar de sonhos que já deixaram tão indignados o Promotor e V.Exa. e vamos falar agora da realidade nua e crua do réu, que infelizmente não sonhou, mas viu com os seus próprios olhos a sua mulher e o seu amante, na sua cama, etc. etc.”, e continuou a sua tese de crime passional, defesa da honra, que, na ocasião, ainda era tida como motivo para absolvição, que foi o veredicto, por unanimidade.

Fonte: Dr. Rogério dono da comunidade Pérolas Jurídicas no orkut